MPT em Quadrinhos Nº 56 - Xô, Preconceito!

“...e sei de uma forma disso fazer diferença.” eu tô besta! como pode haver tanta gente precon- ceituosa em posição de privilégio? que forte, odara! emocionante! eu acho que tem muito a ver com os valores estruturados na nossa sociedade. ao longo dos séculos, a so- ciedade brasileira foi construída em cima dos padrões euro- peus de pensamento, que privilegiam um tipo de ser humano: o homem branco hétero. maricas! preto! sapatão! aleijada! balofo! promíscua! caminhoneira! perneta! gorda! carvão! macho babaca! favelado! incapacitada! numa sociedade que privilegia o homem branco hétero, a pessoa que tiver mais elementos compatíveis com essas especificidades é mais amparada pela sociedade. se tiver menos elementos, a pessoa pode sofrer diversas violências, inclusive daqueles que tiverem alguma especificidade com- patível, mas que possuam outras mais conciliáveis com o “padrão estrutural”. você chico, por exemplo, pode se achar melhor que otavio por- que é um homem hétero sem deficiência. otávio pode se achar melhor que você por ser um homem branco hétero. mas pensando assim, uma pessoa com deficiência, negra e lésbica, por exemplo, sofreria um combo de pre- conceitos! é verdade! se juntarmos todos os homens brancos empregados e tirarmos uma média de rendimentos e comparamos com os das mulheres pretas, chegamos a um número alarmante*: a mulher preta ganha o equivalente a 44,4% salário de um homem branco, sendo a menos remunerada em todas as comparações. 11

RkJQdWJsaXNoZXIy ODE4MzY4