MPT em Quadrinhos Nº 50 - Trabalho em Serraria

“se aumentar demais a cala, a biela afrouxa e passa a fazer um barulho típico. quando chego na empresa, de longe já ouço o barulho e sei que a biela está frouxa. mando parar o tear na hora.” “isso não acontece muito na minha empresa, mas na do meu vizinho, nossa! ele man- da o encarregado apertar o serrador. do meu estacio- namento ouço o barulho da biela do tear dele. é sério!” “para acertar, é preciso dois funcionários se revezando na posição. enquanto um segura uma marreta menor sobre a biela, o outro bate nela com uma marreta menor.” “além de desgastar os braços dos dois, voam fagu- lhas de ferro para todos os lados! eles as chamam de ‘besourinho’! lembra do serrador que ficou cego quebrando bico? o risco de trauma ocular nessa operação é o mesmo.” o que mais acontece por lá? ah, são tantas suboperações que cansa. é bico e caroço para quebrar, é chuveiro que entope, biela que afrouxa e muitas vezes tem que trocar lâmina no meio da serrada. tudo atrasa! o problema da biela afrouxar tem a ver com a velocidade da serrada e com desrespeito à expe- riência e à inteligência do serrador. sim, o serrador é o expert, ajusta o ponto conforme a dureza da rocha e, também, porque a cala 14 é diferente no início, no meio e no fim da serrada. 14 A velocidade da serrada (e de descida do quadro de porta lâminas), tecnicamente, é chamada de “cala” e é medida em mm/hora ou cm/ hora. Na linguagem operatória, é usada a expressão “botar ponto”, que significa aumentar a cala. mas, alguns encarregados, por ordem dos patrões, mandam “botar ponto” sem critério e não consideram a opinião do profissional. concordo com você, geraldo. o serrador tem que ter tempo para fazer a serrada com qualidade. se for pres- sionado para aumentar a cala, visando maior produção, pode produzir lixo e acidente. como vocês acertam a biela depois? 11

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